A procrastinação pode ter consequências muito negativas, sobretudo na área da saúde. A procrastinação, associada ao stress e à reatividade psicofisiológica da pessoa, origina mudanças na função imunológica, que podem afetar adversamente a saúde.

A exaustão é um desses exemplos, que pode estar na origem da procrastinação ou ser uma das suas consequências. 

A exaustão define-se, na Psicologia, como um quadro clínico que deriva dos efeitos stressantes psicossociais no cérebro, ou seja, não advém só do excesso de trabalho, mas também da falta de descanso e sono. 

Sintomas que podem estar ligados à exaustão:

• falta de memória;
• raciocínio lento; 
• maior irritabilidade;
• alterações de humor; 
• tensão muscular; 
• diminuição da produtividade;
• dores pelo corpo;
• falta de energia e dificuldades para realizar tarefas do dia a dia; 
• angústia e desânimo;
• desinteresse por atividades antes consideradas prazerosas;
• entre outros.

Se identificaste algum destes sintomas, podes estar em exaustão emocional e física, o que pode justificar a tua procrastinação e, pior, alimentar e intensificar essa mesma procrastinação. 

Quando procrastinamos, acabamos por, muitas vezes, nos sentirmos mal connosco, levando a uma grande crítica interna. Essa crítica fica grudada em nós durante o dia, quer estejamos ou não a tentar produzir algo. Todos os progressos que podíamos ter feito e não fizemos não largam o nosso pensamento, levando a um estado de exaustão constante. Quando chega o momento de descansar, continuamos a ser atormentados por este sentimento de fracasso e por este pensamento crítico constante. Isso faz com que não consigamos desligar o nosso cérebro para proporcionar um descanso reparador. No dia seguinte, acordamos com uma sensação de cansaço ainda maior do que quando nos deitámos, levando a uma maior procrastinação nas tarefas e a uma intensificação da crítica e sentimento de fracasso, tornando-se assim um ciclo que se retroalimenta, não tendo fim. Parece assustador, não é? E se a solução fosse uma simples sugestão? Por vezes, a solução está à nossa frente, mas estamos tão absorvidos que não conseguimos ver. 

Na verdade, para sermos produtivos temos de usar a nossa energia para manter o foco na tarefa. Mas como é que conseguimos usar uma energia que está quase extinta? Será que a solução parte, então, de nos permitirmos descansar, sem culpa, nos momentos certos? Para quê forçar a produtividade num estado de exaustão, se podemos diminuir essa exaustão com algumas atividades de autocuidado? Podemos dormir 1h, se estamos cansados. Podemos ir dar uma caminhada de 20 minutos, se estamos frustrados. Podemos ligar 15 minutos a algum amigo para desanuviar um pouco. Podemos tomar um banho para despertar. Existem mil e uma atividades que podes fazer para diminuir a exaustão e ganhar energia para mais umas horas de trabalho. 

Contudo, a longo-prazo, é de extrema relevância adicionar no dia a dia algumas ferramentas para prevenir este estado de exaustão: 

• começar o dia com um ritual de relaxamento (por exemplo, em vez de te levantares da cama imediatamente, faz uma meditação, ou alguns exercícios de Yoga);
• adotar um estilo de vida saudável (comer corretamente, praticar exercício físico, e descansar o tempo necessário); 
• estabelecer limites (não te sobrecarregares); 
• fazer uma pausa das tecnologias (estabeleceres um tempo por dia para estar longe do telemóvel ou do computador); 
• agilizar o teu lado criativo (experimentando atividades novas);
• aprender a gerir o stress (para conseguires estabelecer o equilíbrio de que precisas). 

Se sentes que o teu estado de exaustão já ultrapassou os limites que és capaz de suportar, então deves procurar ajuda especializada, junto do teu médico ou psicólogo clínico.